Artigo de Opinião, “Estamos muito perto de poder mudar, deixar a velha por uma nova ordem”, por Eva Delgado-Martins

Artigo de Opinião, “Estamos muito perto de poder mudar, deixar a velha por uma nova ordem”, por Eva Delgado-Martins

ESTAMOS MUITO PERTO DE PODER MUDAR, DEIXAR A VELHA POR UMA NOVA ORDEM

Estamos em fase de campanha para a mudança da direção da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Fazendo parte da lista dos Psicólog@s pel@s Psicólog@s, gostaria de partilhar um conjunto de reflexões sobre um programa orientado para a criação de uma nova Ordem.

Este tem sido um momento de ouvir opiniões, de ouvir quais são as reais necessidades e as expetativas d@s noss@s colegas Psicólog@s. O que fizemos na nossa proposta de candidatura foi ouvir os/as colegas sobre o que queriam para mudar a Ordem, e recebemos contributos d@s Psicólog@s para a construção dessas medidas e continuamos abertos a novas sugestões. Muitos profissionais da psicologia não se têm sentido ouvidos, nem representados por esta Ordem. Temos que dar voz aos profissionais das várias áreas da psicologia, de várias regiões do pais, de várias idades, de vários contextos de intervenção, porque a maioria são Psicólog@s do terreno. Somos pelo diálogo, numa postura de abertura a todas as ideias e com recetividade a uma colaboração contínua e recíproca na planificação estratégica das políticas, nacionais e europeias no âmbito social, laboral, da saúde, da infância e juventude, da educação e da justiça.

A comunicação da atual direção da Ordem com os nossos colegas tem estado ausente. Muitos colegas não chegam a entender a utilidade da Ordem para o seu dia a dia. Muitos profissionais oriundos de diversas áreas de especialidade manifestam que se sentem esquecidos e abandonados pela Ordem. Precisamos de uma Ordem que saiba chegar-se a@s Psicólog@s, uma Ordem de proximidade, porque a responsabilidade da Ordem é a de acompanhar e orientar os profissionais que a integram e que representa. Propomos uma nova Ordem, que aprofunde a proximidade com @s Psicólog@s no terreno. Como referiu a candidata a Bastonária, Sónia Rodrigues, no 2º debate de dia 18 de novembro 2020, precisamos de um novo projeto, porque a velha Ordem se encontra profundamente afastada das reais preocupações d@s Psicólog@s, porque a velha Ordem não encontra respostas aos desafios que os colegas enfrentam na sua rotina diária, porque persiste em fechar-se numa torre de marfim, alinhada apenas com preocupações daqueles que estão na direção.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses, enquanto instituição reguladora e representante de tod@s @s Psicólog@s tem que garantir a igualdade de tratamento relativamente ao Código Deontológico. Para isso, é necessário que o Conselho Jurisdicional tenha pessoas certas, os critérios válidos e os meios necessários para implementar as suas decisões. Os Psicólog@s precisam que a sua Ordem respeite a sua liberdade com responsabilidade, ou seja, a sua autonomia técnico-científica, permitindo que sejam os própri@s Psicólog@s a discutir e a decidir o seu modelo de enquadramento na intervenção e que não procure impor o modelo da velha Ordem, assente em práticas tradicionais da psicologia. A Ordem, existe no âmbito das suas atribuições estatutárias, para representar e defender os interesses gerais da profissão e dos/as nossos/as utentes/clientes/pacientes. O respeito pelos princípios da promoção do bem-estar das populações, ensejo mundial da ciência psicológica, exige que a Ordem se organize e atue a partir de um olhar individualizado e respeitador da diferença das práticas profissionais, sempre norteado pelos princípios da igualdade e da solidariedade, e da validade baseada na evidência.

O reconhecimento e a valorização do papel social d@ Psicólog@, enquanto profissional depende de cada um e de todos os nós. É preciso desenvolver a literacia psicológica da sociedade e o reconhecimento do papel d@ Psicólog@. É muito importante que essa valorização d@s Psicólog@s se baseie no apoio de uma nova Ordem a tod@s @s Psicólogos sem exceção, ajudando a superar as dificuldades quotidianas, emergentes da complexidade da vida pessoal, organizacional e social, viabilizando melhor condições de formação, de diagnóstico, planeamento e intervenção, com uma supervisão sistemática, baseada na formação recíproca. É preciso inovar, apostando num paradigma que não reside apenas na remediação dos problemas, prevenindo com formação baseada na antecipação das necessidades e na construção derespostas à sua satisfação.

A partir da nossa experiência, sentimos que, muitas vezes, a sociedade desconhece as possibilidades de intervenção d@s psicólog@s nos contextos, reconhecendo, muitas vezes, apenas o papel tradicional d@s psicólog@s, nas suas práticas tradicionais, realizadas em locais tradicionais, normalmente entre as paredes dos seus consultórios. Necessitamos que possam ser reconhecidas a inovação e introdução de novas práticas de intervenção em psicologia que permitem fazer face a situações novas, permitindo que a intervenção profissional vá sendo repensada e que as práticas emergentes e os novos espaços de atuação possam ser certificados e validados entre pares. É necessário uma nova Ordem para inovar e mudar, permitir que possamos ir mais longe, garantindo que se mantém a proteção à dignificação do papel d@s Psicól@gos na sociedade. Isso passa por um esforço de inovação e consciência da opinião publica e dos poderes políticos, sobre as diferentes e relevantes funções que assumimos enquanto profissionais, que previnem e minimizam o sofrimento e promovem o desenvolvimento das pessoas, dos grupos e das comunidades, facilitando mudanças positivas na sociedade.

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