Artigo de Opinião, “Atenção à velhice: ser psicólogo/a é estar atento”, por Vítor Fragoso

Artigo de Opinião, “Atenção à velhice: ser psicólogo/a é estar atento”, por Vítor Fragoso

Atenção à velhice: ser psicólogo/a é estar atento.

Ser Psicólog@ é estar atento, estar atento à realidade dos acontecimentos e comprometer-se com o seu conhecimento e prática no sentido do desenvolvimento do acolhimento, do auxílio, e na realização de práticas transformadoras da realidade concreta.

A realidade pandémica que vivemos expôs de forma acentuada as vulnerabilidades e fragilidades no apoio e cuidado assistencial que prestamos aos nossos idosos. Sim nossos, pois são os nossos pais e avós, é deles que falamos e não de qualquer entidade abstrata sem rosto e sem nome. No entanto quando falamos de idosos/as e das suas velhices, estamos a falar de um sector da população muito heterogéneo, falamos dos que vivem em ERPI´s, dos mais dependentes, dos mais autónomos, mas a maioria ainda em suas casas, e também estes com realidades diversas, de acordo com o meio onde residem se urbano ou rural.

A diversidade é enorme, e número de psicólogos/as que atuam nestes diferentes contextos também, e para os psicólogos/as que estão no terreno não temos visto medidas de proximidade e suporte que se exigiam em situações de crise, muitos relatam-nos o sentimento de desamparo e esquecimento. Uma realidade que devemos mudar com uma Ordem mais atenta e próxima, verdadeiramente de psicólogos/as para psicólogos/as. Perante esta realidade os idosos/as estão mais expostos às consequências do isolamento e à demora de cuidados necessários. Quando falamos de Isolamento, devemos falar sempre no plural. Isolar, significa afastar, distanciar, facto que cada um vai sentir ao seu modo e ao seu jeito, e sempre de acordo com a sua história e com o seu percurso, com as suas potencialidades e as suas vulnerabilidades.

O isolamento desafia os idosos/as e seus familiares, pois quando alguém se sente isolado, quando não encontra sentido para a vida, sente urgência em encontrar um som, um ritmo, uma palavra que o liguem de novo a ela (à vida), necessita de algo que o faça sentir-se acompanhado e seguro. Quando assim é, a palavra exerce o seu carácter de invocação, ela vincula, une, estabelece pontes na memória pela partilha de histórias de vida, desse modo ela ganha a sua função estruturante de integração de vivências, de possibilidade de encontro inter-humano. Este é um papel que cumpre aos psicólogos realizar, poder ser essa escuta da palavra do outro, não uma escuta qualquer, mas aquela que lhe devolve um sentido de esperança e horizonte humano, fruto do diálogo e de uma prática terapêutica verdadeiramente transformadora.

Vítor Fragoso

Candidato à Delegação Regional do Norte

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