Artigo de Opinião no Jornal Público: Ser Psicólog@ em 2020, por Sónia Rodrigues

Artigo de Opinião no Jornal Público: Ser Psicólog@ em 2020, por Sónia Rodrigues

Nós psicólogas (os) sabemos que qualquer crise é também uma oportunidade de crescimento.

A psicologia é, em qualquer contexto onde se trabalhe, um agente do respeito pelos direitos dos indivíduos e da sociedade. Como decorre do nosso código deontológico, a (o) psicóloga (o) tem a obrigação de respeitar não só o direito à diferença, mas, também, cada pessoa como única. Tal exige de nós, enquanto profissionais e enquanto pessoas, a capacidade de não ignorar o desrespeito pelos direitos humanos e zelar pela sua defesa e promoção, em particular os direitos dos mais vulneráveis e desfavorecidos, enraizando a nossa ação quotidiana em valores como a igualdade, a solidariedade, a justiça social e ambiental e a democracia.

Nos últimos meses, todas (as) psicólogas (os) foram obrigadas (os) a encarar um novo desafio, e mais uma vez soubemos adaptar-nos, unir-nos, aprender uns com os outros e ajudar o nosso país. No entanto, precisamos de ir mais longe. Esta pandemia, exatamente pela dimensão que assumiu nas vidas de toda a gente, pelo sofrimento e necessidade de mudança de comportamentos que acarreta, pelo isolamento e distanciamento físico a que tem obrigado, pela ansiedade face ao desconhecido, pela incerteza, pelo medo, pelas perdas que gerou, terá consequências gigantescas e duradouras na saúde mental de um largo número de pessoas.

Nós psicólogas (as) sabemos que qualquer crise é também uma oportunidade de crescimento. As (Os) psicólogas (os) são os profissionais que estudam o comportamento e os processos mentais. Quem melhor do que nós pode, então, ajudar cada indivíduo (e, desse modo, também a sociedade) a lidar com todas estas alterações, a conseguir ver os aspetos positivos destas mudanças e a encontrar novas formas de vivermos em comunidade, preservando o nosso bem-estar presente e futuro?

A adaptação ao trabalho online abriu um mar de possibilidades do qual as (os) psicólogas (os) podem e devem tirar partido. As consultas à distância vieram para ficar, mas também o trabalho colaborativo com recurso à Internet, seja através de plataformas de reunião ou recorrendo a outras ferramentas que permitem o acesso remoto por vários utilizadores, abrem perspetivas, criam oportunidades, transformam e alargam o trabalho em equipa, anulam distâncias e facilitam a gestão do tempo. O trabalho das (os) psicólogas (os) encontrou novos horizontes no mundo digital que não podem deixar de ser desbravados.

Enquanto classe, precisamos de nos unir, de sermos mais solidários, de encontrar formas de nos desenvolvermos em conjunto, de nos apoiarmos mutuamente e de valorizarmos o nosso trabalho, para o ver valorizado. Temos de garantir a cada jovem psicóloga (o) a possibilidade de olhar esta profissão com a mesma paixão que nós pudemos experimentar e, com elas (os), sair deste tempo de mudança e estranheza renovada e reinventada. Temos de ser psicólogas (os) pelas (os) psicólogas (os).

Para ler o artigo no Jornal Público aceda aqui: https://www.publico.pt/2020/10/20/opiniao/opiniao/psicologa-2020-1935792