Artigo de Opinião, “A precariedade do percurso dos psicólogos nas IPSSs”, por Franclim Tiago Ribeiro
A precariedade do percurso dos psicólogos nas IPSSs
Iniciei a minha actividade enquanto psicólogo há cerca de 17 anos, numa altura em que ainda não havia OPP. Fiquei verdadeiramente esperançado quando esta se iniciou, sempre senti que o trabalho de Psicologia não era devidamente reconhecido nem pela Sociedade nem pelos profissionais com quem trabalhamos.
Volvidos cerca de 10/12 anos da sua criação, penso que ainda há bastante caminho para percorrer. Trabalhei durante bastante tempo em IPSSs, tal como grande parte dos colegas. Penso que o trabalho desenvolvido deste contexto, fundamental para o desenvolvimento e manutenção de várias infraesturaras sociais, deverá ter um maior foco por parte da OPP, que não o tem abordado.
Existem algumas especificidades deste tipo de trabalho que merecem uma atenção mais próxima e especial por parte da OPP, nomeadamente (e não referindo aqui a remuneração) o facto de ser um trabalho muito regulado por projecto e financiamentos, sujeitos a eventuais renovações, o que não permite a criação de um vínculo de efectividade laboral, estando os colegas sujeitos a “planear a vida” de 3 em 3 anos, o que não se coaduna com a importância do trabalho realizado. Existem ainda, frequentemente, “quebras” no financiamento, o que prejudica de um modo real e efectivo a continuidade do seu trabalho.
Estas questões merecem outro foco por parte da OPP, que considero serem não apenas possíveis, como fundamentais para o melhor exercício da profissão em Portugal.
Franclim Tiago Ribeiro
Candidato ao Conselho Jurisdicional